Eu ando lendo umas coisas velhas minhas, e tem umas que eu realmente não devia ter deixado pra trás. Essa historinha que eu vou colocar foi escrita em 25/02/2004, e eu rolei de rir quando li de novo. Foi muito engraçado no dia que aconteceu.

“É uma história verídica. Estávamos eu e meu namorado num ritual de entrega ás bebidas para aliviar as tensões do dia-a-dia, quando de repente, não mais que de repente aparece um cidadão e diz:

_ Moço, com licença, eu não quero incomodar, mas você pode escrever uma carta que eu ditar, por favor?!

Meu namorado, imaginando que a carta seria para a mãe do homem, que tinha sotaque nordestino, respondeu que sim. Então a figura arranjou duas folhas de caderno e começou a ditar a carta. Transcrevo-a na íntegra, e sem mudar palavra do que ele ditou.

Conceição;
Você me falou hoje cedo que tinha outro cara na sua cola. Ele vai ter que segurar a onda e você também. Se ele acha que você está jogada, você não está jogada não. Você está arrumando uma boca de caixão pra ele. Vocês dois estão achando que eu vou perdoar, mas eu não perdôo. Pode ser na terra, no céu ou no inferno, me conte o que acontecer. Pode ser algum palhacinho que estiver envolvido com você, ele vai se rodar. Eu estou preparado.

Quando eu ligo, você só pode estar envolvida. Se o telefone está dentro de casa, é pra quê? É só pra enfeite? O cara que está com você é um safado, fedaputa, um gigolô! Vai lavar sua cara pra ficar limpa, por que você tem marido!

Ele que cai fora que é melhor pra ele, antes que eu lhe corte a cabeça!

Romi.

Bom, esse cidadão deve ter em torno de trinta anos e nos contou ter matado o próprio pai no interior da Bahia. Não estava mal vestido, era risonho e parecia tranquilo. Disse que não iria enviar a carta, mas grudá-la no poste em frente à casa da mulher dele, a Conceição. E uma cópia também na porta da casa do amante, que ele sabe quem é. Agradeceu e se despediu. É por isso que eu bebo.”